quarta-feira, 22 de junho de 2011

Tropeirismo!

Mudando um pouco o foco do blag, resolvi colocar um artigo meu sobre o Tropeirismo, quer saber um pouco mais de história, leia aí! Beijos!!


Ao se fazer breves pesquisas podemos constatar que a palavra "tropeiro" deriva de tropa, numa referência ao conjunto de homens que transportavam gado e mercadoria no Brasil colônia. O termo tem sido usado para designar principalmente o transporte de gado da região do Rio Grande do Sul até os mercados de Minas Gerais.
Do cruzamento entre o burro e a égua nasceram as mulas. E sitando Endrigo Coelho “Da união entre as mulas e o homem, surgiu o tropeirismo, que deu suporte para a economia aurífera até o desenvolvimento das estradas de ferro”.

Apesar de estar muito ligada ao transporte e venda de gado, de uma região para outra, algumas referências nos mostram que esse ciclo se deu devido a descoberta de ouro e diamantes, foram responsáveis por um grande afluxo populacional para a região das minas gerais, tanto de paulistas, como de portugueses e ainda de escravos. O crescimento das cidades e a formação de uma elite na região mineradora aumentaram a necessidade de animais, tanto para as atividades locais, como para o transporte de carga, cada vez maior, em direção ao Rio de Janeiro. É aí que entra o tropeiro: espécie de caminhoneiro sem motor, transportava mercadorias e alimentos para a região das minas, onde a agricultura e a criação de gado haviam sido proibidas pela Coroa para não dispersar a mão-de-obra do ouro. Ao mesmo tempo a riqueza gerada pela mineração foi responsável por estimular uma série se atividades paralelas, urbanas, reforçando ainda mais a atividade dos tropeiros, que transportavam os mais variados produtos e ainda cumpriam o papel de mensageiros.
Os tropeiros passavam por quatro importantes estados brasileiros, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, respectivamente aqui trataremos desses estados, sem impor ordem de importância mas sim destacaremos suas principais cidades e histórias.
Segundo a Revista Cidades do Brasil, “[...]com a descoberta das grandes vacarias administradas pelos Padres Jesuítas e os índios missionários, que existiam não só no Rio Grande do Sul como também na Argentina e Paraguai, abriu-se um caminho que ficou conhecido como “Caminho do Viamão” que ligava a então Vila da Sorocaba (SP) até Viamão (RS).
Em Viamão realizava-se a grande feira de gado e mulas que deveriam prestar serviços na região das Minas. falaremos sobre Cruz Alta, a qual tornou-se ponto de invernada e um grande pouso para milhares de tropeiros oriundos das fronteiras com a Argentina e Uruguai, que se dirigiam até a Feira de Sorocaba para comercialização dos animais [...].”
Outro ponto muito conhecido devido a rota dos tropeiros era cruz alta, o local consolidou-se ainda no final do século XVIII como Pouso dos Tropeiros e muitos passaram a residir nas proximidades, até que, no início do século XIX depois de uma tentativa sem sucesso, mudaram-se então mais para o norte estabelecendo-se onde hoje está a cidade de Cruz Alta, cuja fundação deu-se no dia 18 de agosto de 1821 em resposta à uma petição feita pelos moradores. A boa água das vertentes do Arroio Panelinha que abasteciam os viajantes pelas mãos das nativas do lugar, deu origem à Lenda da Panelinha, que prega o retorno à Cruz Alta daqueles que em suas águas saciarem a sede.
No estado de Santa Catarina, no caminho tropeiro destacaremos as cidades de Lages e Lagunas, que embora pelo menos uma vez por ano fica encoberta de gelo por causa de suas baixas temperaturas foi uma importante cidade da rota dos tropeiros, ainda hoje guarda lembranças históricas de seus antepassados, bem como fatos curiosos da História de Tubarão, que queria casar-se dentro dos preceitos católicos, e apesar de residir em Laguna teve que ir até Lages pois era a cidade mais próxima que existia uma capela, e assim pode casar-se e ali posteriormente batizar seus filhos.
O terceiro estado na rota dos tropeiros é o Paraná, segundo Pericles Dargel, “a Rota dos Tropeiros, no Paraná, é composta por 16 municípios - Rio Negro, Campo do Tenente, Lapa, Porto Amazonas, Balsa Nova, Campo Largo, Palmeira, Ponta Grossa, Carambeí, Castro, Tibagi, Telêmaco Borba, Piraí do Sul, Arapoti, Jaguariaíva e Sengés. Os municípios têm em comum a cultura deixada pelo tropeirismo e oferecem [..] a oportunidade de conhecer belas paisagens, gastronomia regional, história e cultura riquíssimas, artesanato diferenciado, lugares pitorescos[...].
Os Campos Gerais sempre tiveram dois pontos relevantes no Turismo do Paraná: Vila Velha e o Canyon Guartelá. E com a rota a história dos tropeiros agrega valores à beleza cênica natural dos Campos Gerais.
Ponta Grossa é a maior cidade da rota, sua história se origina no tropeirismo e nas grandes fazendas de criação de animais. Entre os principais atrativos destaca-se o Parque Estadual de Vila Velha[...].
[...]Segundo historiadores, ao tratar das origens do povoamento de Ponta Grossa, até os fins do século XVII os Campos Gerais se apresentavam despovoados e serviam exclusivamente como ponto de passagem para os viajantes curitibanos que se dirigiam a São Paulo. Apesar de ser uma região de boas pastagens, não havia quem consumisse o gado ali criado [...]”
Outra cidade paranaense importante nessa trajetória tropeira é a cidade da Lapa, que segundo o site “caminhos do Paraná” foi “fundada em 1731, que teve origem devido o caminho do Viamão (RS)–Sorocaba(SP), quando passavam por ali os tropeiros que faziam seu pouso às margens da Estrada da Mata […]. De Freguesia à Vila, Lapa foi elevada a categoria de cidade em 1872 […]. Possui em seu centro histórico um conjunto arquitetônico com edificações do século XVIII, XIX e início do século XX, o qual é tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.”
Possui inúmeros monumentos históricos, entre eles:
“[...]O Monumento ao Tropeiro, que é a porta de entrada do município da Lapa e foi feito em homenagem aos tropeiros que iam de Viamão à Sorocaba. O painel foi criado pelo artista paranaense Poty Lazzaroto; A casa Vermelha a mais antiga residência da cidade, foi construída em 1868 e atualmente abriga o acervo do Museu do Tropeiro e também o artesanato do Clube de Mães e das famílias, como esculturas de madeira, pinturas, peças de artesanato, e peças de tapeçaria e a avenida Manoel Pedro, antigo caminho feito pelas tropas que saiam de Viamão em direção a Sorocaba […].”
E por último o estado de São Paulo, destino final dos tropeiros, mencionarei muito quando falar do estado de São Paulo o Professor Claudio Barbosa Recco, pois segundo ele “[...]os tropeiros eram partes da vida da zona rural e cidades pequenas dentro do sul do Brasil. Vestidos como gaúchos com chapéus, ponchos, e botas, os tropeiros dirigiram rebanhos de gado e levaram bens por esta região para São Paulo, comercializados na feira de Sorocaba. De São Paulo, os animais e mercadorias foram para os estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Em direção às minas, o transporte feito no lombo de animais foi fundamental devido aos acidentes geográficos da região, que dificultavam o transporte. Já para as regiões de Goiás e Mato Grosso, a maioria dos produtos eram transportados através dos rios, nas chamadas monções[...]”.
Deve-se e muito aos tropeiros a criação de várias cidades e estradas que ficaram famosas por causa do trajeto por eles traçado durante os anos, criando a Rota dos Tropeiros.
No estado de são Paulo destacarei algumas cidades importantes na rota dos tropeiros. Citando novamente Recco [...]Uma das estradas mais citadas na rota dos tropeiros é a que D. Pedro I também passou em viagem entre Rio e São Paulo, no ano de 1822. “[..] A história do Brasil, e principalmente dos brasileiros, está presente em cada curva . No seu trajeto, principalmente entre Silveiras e Bananal, surgiram cidades que hoje conservam sua majestade, nas construções históricas e atrações naturais. A aparente decadência dessas cidades revela, na verdade, os ciclos da vida, e as cidades dos Tropeiros, situadas estrategicamente, em média, a quatro léguas (24km), e estão ressurgindo através do tropeirismo contemporâneo: o turismo.”
Outra cidade também famosa na rota dos tropeiros é Dutra, Sede da Fundação Nacional do Tropeirismo, que hoje ensina a história desse movimento nas escolas do município. Por ali passavam as tropas que viajavam entre Rio e São Paulo e as que vinham de Minas Gerais em direção á Parati e vice-versa.
Cidades foram sendo criadas por acaso pois quando famílias na época influentes e numerosas como a família Rego Barbosa, Rego da Silveira, Antônio da Silveira Guimarães, Bueno da Cunha, Silveiras chegaram na região, se instalaram por uma determinada região e deram os primeiros passos para ser uma cidade, os Silveiras acabaram dando nome ao lugar, pois os viajantes dirigiam-se para as bandas dos Silveiras. Mas somente se tornou cidade em 1864. No Ciclo do Café teve seu auge, chegando a registrar 27.000 habitantes. Perdeu sua importância pelas estradas. Primeiro com a Estrada de Ferro, que passou por outro trajeto, depois com a criação da Dutra, perdeu o movimento dos viajantes entre as duas metrópoles. Hoje, Silveiras tem pouco mais de 5.000 habitantes.
A Fundação Nacional do Tropeirismo, instalada num casarão do século passado, resgata a história do movimento e oferece um simplório restaurante, com saborosa comida tropeira, No mesmo prédio funciona uma pousada. O responsável pelo Centro de Tradições Tropeiras,Ocílio Ferraz, segundo Recco, esclarece que a gastronomia tem sido uma das melhores maneiras de divulgar a importância do Tropeirismo no Brasil.
Recco também diz que “os tropeiros que pousavam na região, no final do século XVII, principalmente em viagem rumo ao Porto de Mambucaba, próximo de Parati, foram o ponto de partida para o surgimento de Areias outra importante cidade da rota dos tropeiros onde D Pedro II, segundo historiadores, repousava, no século XIX, chegou a ser uma das cidades mais ricas do Estado de São Paulo. Inicialmente, chamou-se Freguesia de Sant’Ana da Paraíba Nova. Depois, em 1801 ganhou a denominação de Distrito da Paz. Em 1816, D João VI criou a única vila no estado, denominada de São Miguel das Areias, em homenagem a seu filho D. Miguel.
O café trouxe mais prosperidade à região. Fazendas suntuosas foram construídas e os Barões do Café vinham passar os fins de semana na cidade.
Durante a Revolução de 1842 perdeu suas garantias constitucionais e foi anexada ao Estado do Rio de Janeiro, por um ano. Em 1857 ganhou o título de cidade.
O casario colonial da cidade revela sua pujança no século XIX. Os barões do Café de Areias foram os primeiros a trazer professores estrangeiros para educar seus filhos. A postura aristocrática deixou raízes no comportamento dos habitantes, vistos pelos vizinhos como um pouco esnobes. […]
Um prédio histórico e importante para a cidade é “A Casa de Cultura”, construída em 1825 guarda precioso acervo da cidade , inclusive de moradores ilustres como seu Promotor Monteiro Lobato. Próximo do prédio está a Velha Figueira, cujos primeiros registros datam de 1748. No local, uma placa de 1822 atesta a passagem de D. Pedro I quando declarou nossa independência. Hoje, Areias tem cerca de 4.000 habitantes, mas conserva a majestade de seus tempo áureos.”
Uma Cidade considerada de difícil passagem para os tropeiros é São José do Barreiro. Segundo Recco “O nome Barreiro revela um atoleiro que exigia muito esforço dos tropeiros nos dias de chuva. Já São José é fruto da devoção do Coronel José Ferreira de Souza e do alferes José dos Santos, que ergueram, em 1833 uma Capela dedicada ao santo.
Parentes e amigos dos fundadores passaram a construir residências próximas do local, dando início a cidade, que foi elevado à condição de Freguesia em 1859 e a cidade em 1885 […].”
Um pouco do trajeto dos tropeiros pode ser observado nas linhas que aqui se seguiram, observar que o trajeto do Rio grande do Sul a São Paulo era de extrema importância e dificuldade de trânsito, mas essa foi a rota do tropeirismo do sul do Brasil, com o deslocamento de tropas de mulas e gado de abate provenientes do Rio Grande do Sul com destino aos mercados de São Paulo e Minas Gerais.
E novamente citando Péricles Gargel “Os caminhos abertos no início do século XVIII continuaram servindo como principais vias para o comércio e a integração entre o extremo sul e o restante do país. O ciclo do tropeirismo se estendeu até o início do século XX e compôs a região mais importante para o desenvolvimento do Brasil […].

A comida é uma das heranças deixadas pelo tropeirismo. Era feita pelos homens, na tropa não havia mulheres. Entre os utensílios de cozinha levavam um saco de mantimentos, um caldeirão de ferro com tampa, para o feijão; uma panela de ferro de três pés, um coador e sua armação; xícaras de folha de ferro batido ou canequinhas esmaltadas, colheres e cuia.
O fogão do tropeiro era a trempe, uma armação de três varas, que podiam ser de ferro ou de pau verde, colhido na hora. Com esse fogão improvisado, raramente com fogareiro de ferro, ou com duas forquilhas armadas, era preparada a simples comida do tropeiro: virado de feijão, arroz com carne seca e café.
Além da culinária, o ciclo do tropeirismo uniu os estados do sul e teve grande importância no desenvolvimento econômico, povoamento e formação de uma identidade histórica regional evidente e característica[...]”
Muitas outras heranças nos foram deixadas pelo tropeirismo, e bem por isso devemos sempre lembrar e estudar quais foram e quais as influencias que ainda exercem em nossas vidas cotidianas, ou em nossas paisagens tão urbanizadas mas que ainda preservam um pouco da história de nosso passado.
O tropeirismo sem dúvida foi a maior migração interna que o Brasil já sofreu e com ele muitas raízes foram fixadas na história do nosso país, raízes estas que tem um papel fundamental na formação de nossa cultura atual, o tropeirismo marcou história e vidas, transpondo para os dias de hoje a beleza de ser de um povo que nem imaginava a sua real importância, e que exerceriam tanta influencia até mesmo nos dias atuais.




Referência:
•Equipe Técnica IGTF: Edegar, Diego e Vera Lúcia.TROPEIRISMO
•http://www.cidadesdobrasil.com.br/cgi-cn/news.cgi?arecod
•http://culturaparanaense.blogspot.com/2009/08/rota-dos-tropeiros-rota-dos-•tropeiros.htmlhttp://www.aconcaguaexpeditions.com/portugues/recordescerroaconcagua/ascencoes.htm
•http://www.paginadogaucho.com.br/bibli/anita-01.htm
•http://curitiba.multiply.com/photos/album/4/Parque_dos_Tropeiros